quarta-feira, abril 03, 2013

O PT se tornou o PCB do século XXI.

"O PT se tornou o PCB do século XXI", diz Rudá Ricci

Para sociólogo,  Lula se acomodou ao desejo e interesses populares e abdicou do papel pedagógico da liderança de esquerda

01/04/2013

do IHU

 

Na opinião de Rudá Ricci, sociólogo, o PT que assumiu o poder há 10 anos não é o mesmo de 2013. "É mais dócil, mais entranhado na lógica neoclientelista, perdeu a utopia. É o partido da ordem. Ocorre que o pacto lulista é maior que o PT". Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Rudá avalia que uma possível substituição do PT no governo federal virá justamente do bloco lulista, e não da oposição. "Lula parece avaliar esta possibilidade e comanda acomodações sucessivas". Conforme sua análise, Dilma faz parte de uma geração de novos gestores públicos que possuem esta formação gerencial baseada nos modelos empresariais.

"Não são líderes políticos. Este é o custo da imposição de nomes sem história política, nem mesmo em seus partidos. Lula impôs Dilma e Haddad; Aécio impôs Antonio Anastasia. Eles estão fazendo o seu melhor. Mas seu melhor é gerencial, não político. E não percebem que esbarram na identidade de seus partidos. Como surgiram do aval de seu padrinho político, não se importam muito com esta cisão ou discrepância. Pagamos caro por isso".

Para Rudá, comparar FHC a Lula é apenas a ponta do iceberg. "O que nos deixa uma dúvida sobre o que pode ocorrer ao partido se algum dia não estiver no governo federal. Enfim, do ponto de vista ideológico, o PT se acomodou às clássicas ideologias de esquerda que tanto criticou na sua origem: estatismo, centralismo, personalismo, burocratização".

Rudá Ricci é graduado em Ciências Sociais pela PUC-SP. É mestre em Ciência Política e o doutor em Ciências Sociais pela Unicamp. Diretor Geral do Instituto Cultiva e membro do Fórum Brasil do Orçamento (www.forumfbo.org.br), integra também o Observatório Internacional da Democracia Participativa. É autor de Lulismo (Rio de Janeiro: Contraponto, 2010), dentre outros

Confira a entrevista aqui. É do Brasil de Fato

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