terça-feira, novembro 18, 2008

Sebatião Nery - na Tribuna de hoje

Bota pra moer

Alto, forte, mulato, valente e brigão, cara e corpo de estivador, "Bota Pra Moer" estava sempre à frente nas manifestações e lutas sociais e políticas de São Luís, no conturbado Maranhão da década de 50.

Em 3 de outubro de 1950, Eugenio de Barros, apoiado pelo senador Victorino Freire, principal líder político do Estado, foi eleito governador pelo PST (Partido Social Trabalhista), com o tenente da Marinha Renato Archer como vice-governador, derrotando o até então vice-governador Saturnino Belo, candidato das oposições reunidas no PSD, UDN e PSP.

A oposição não aceitou o resultado e levantou a população. Em 16 de janeiro de 51, Saturnino Belo morreu de repente, a crise se agravou e assumiu o governo o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Traiaú Moreira, que em fevereiro empossou Eugenio de Barros.

Eugenio de Barros

Mas o Maranhão continuou em pé de guerra e em março Eugenio de Barros passou o governo interinamente para o presidente da Assembléia, César Aboud. Seis meses de confusão, não se conseguia a pacificação, o governador eleito não assumia, até que em setembro o general Edgardino Pinto, comandante da 8ª Região Militar, deu posse a Eugenio de Barros.

A oposição não se conformou. Fazia grandes e violentas passeatas, tentando tomar de assalto o Palácio dos Leões. Numa delas, a sede do governo já quase cercada, com "Bota Pra Moer" à frente da turba enlouquecida, o governo instalou uma fileira de metralhadoras pesadas na entrada do palácio. "Bota Pra Moer" parou, contou, gritou para a multidão:

- Daqui pra frente, arranja um mais doido do que eu!
Ninguém mais quis tirar Eugenio de Barros.

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