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- - Tente relaxar...
- - Desculpe. É que tem uma parte de mim que, entende? Fica de fora, distanciada, assistindo a tudo. Uma parte que não consegue se entregar...
- - Eu entendo.
- - É como se fosse uma terceira pessoa na cama.
- - Certo. É o seu superego. O meu também está aqui.
- - O seu também?
- - Claro. Todo mundo tem um. O negócio é aprender a conviver com ele.
- - Se ele ao menos fechasse os olhos!
- - Calma. Eu sei como você se sente. Nestas ocasiões, sempre imagino que a minha mãe está presente.
- - A sua mãe?
- - É. Ela também está conosco nesta cama.
- - Você se analisou?
- - Estou me analisando. Pensando bem, ele também está aqui.
- - Quem?
- - O meu analista. Nesta cama. Meu Deus, ao lado da minha mãe!!
- - Meu pai está aqui...
- - Seu pai também?
- - Meu superego e meu pai.
- - O superego e o pai podem ser a mesma pessoa. Será que um não acumula?
- - Não, não. São dois. E não param de me olhar.
- - Mas sexo é uma coisa tão natural!
- - Diz isso pra eles.
- - Na verdade, não é mesmo? Nem nós somos só nós. Eu sou o que eu penso que sou, sou como você me vê...
- - E a gente também é o que pensa que é para os outros.
- - Quer dizer: cada um de nós é, na verdade, três.
- - Quatro, contando com o que a gente é mesmo.
- - Mas o que que a gente é mesmo?
- - Sei lá. Eu...
- - Espere um pouco. Vamos recapitular. Do seu lado tem você - aí já são no mínimo três pessoas - o seu superego, o seu pai...
- - Do seu lado, vocês três, a mãe de vocês e o analista.
- - E o meu superego.
- - E o seu superego.
- - Mais ninguém?
- - O Mendoncinha.
- - Quem?!
- - Meu primeiro namorado. Foi com ele que...
- - Espera um pouquinho. O Mendoncinha não.
- - Mas...
- - Bota o Mendoncinha para fora desta cama.
- - Mas...
- - Ou sai o Mendoncinha, ou saímos eu e a minha turma!
Do Veríssimo é claro.... o resto, aí pra baixo... |