sexta-feira, junho 02, 2006

O Mão Cheinha - Sebastião Nery

TERESINA - Esta é uma velha e clássica história de Teresina. Mão Cheinha era louco lá no Ceará. Trouxeram-no para o Sanatório Meduna, Hospital de Psiquiatria, instituição modelo que o gênio do médico e deputado Clidenor de Freitas fundou aqui na década de 30, implantando métodos revolucionários para a época, abolindo as correntes e enfermarias fechadas.

Com o tempo, Mão Cheinha virou louco-chefe. Tomava conta dos outros. Há sempre um muito louco cuidando dos menos loucos. No jardim enorme do sanatório, onde os doentes, soltos, passavam o dia, havia, entre muitas outras, uma alta mangueira que nunca dava manga. Mão Cheinha não entendia aquilo. Mangueira tinha que dar manga. Um dia, chamou oito loucos:

- Olha, minha gente, vocês são mangas maduras. Vão lá para cima. Quando eu gritar, as mangas caem, porque manga madura cai, uma a uma.

As mangas

Os oito subiram. Mão Cheinha, cá de baixo, gritou:
- Manga um!

Poff!! E um louco se esborrachou no chão.

- Manga dois! Manga três! Manga quatro! Manga cinco! Manga seis!

E eles iam se largando lá de cima e arrebentando-se cá embaixo. Mão Cheinha gritou:

- Manga sete!

O sete respondeu:

- Mão Cheinha, chama a manga oito, que eu ainda estou verde!

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