O Mão Cheinha - Sebastião Nery
TERESINA - Esta é uma velha e clássica história de Teresina. Mão Cheinha era louco lá no Ceará. Trouxeram-no para o Sanatório Meduna, Hospital de Psiquiatria, instituição modelo que o gênio do médico e deputado Clidenor de Freitas fundou aqui na década de 30, implantando métodos revolucionários para a época, abolindo as correntes e enfermarias fechadas.
Com o tempo, Mão Cheinha virou louco-chefe. Tomava conta dos outros. Há sempre um muito louco cuidando dos menos loucos. No jardim enorme do sanatório, onde os doentes, soltos, passavam o dia, havia, entre muitas outras, uma alta mangueira que nunca dava manga. Mão Cheinha não entendia aquilo. Mangueira tinha que dar manga. Um dia, chamou oito loucos:
- Olha, minha gente, vocês são mangas maduras. Vão lá para cima. Quando eu gritar, as mangas caem, porque manga madura cai, uma a uma.
As mangas
Os oito subiram. Mão Cheinha, cá de baixo, gritou:
- Manga um!
Poff!! E um louco se esborrachou no chão.
- Manga dois! Manga três! Manga quatro! Manga cinco! Manga seis!
E eles iam se largando lá de cima e arrebentando-se cá embaixo. Mão Cheinha gritou:
- Manga sete!
O sete respondeu:
- Mão Cheinha, chama a manga oito, que eu ainda estou verde!
o resto aqui - La na Tribuna da Imprensa
