sexta-feira, outubro 14, 2005

Rola na Rede


Tráfico do RJ faz campanha pelo SIM

Daniel Pereira Campos, mais conhecido como "Xaxim",
líder do tráfico de drogas do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, organizou
um comitê paralelo para fazer campanha no referendo sobre o desarmamento que
ocorrerá no dia 23 de outubro próximo. Surpreendentemente, o movimento não está
defendendo o "Não", que na prática rejeita a lei que proibiria a venda de armas
de fogo e munição no Brasil. Eles estão fazendo campanha intensiva pelo "Sim".
Os traficantes desejam que a venda de armas seja proibida.

Por intermédio de líderes comunitários, a mensagem que os "donos do poder
no morro" passam para os moradores é clara: todos devem votar "Sim" ao desarmamento,
para garantir a sua própria segurança.

política

Bancada pelos traficantes, a associação dos moradores confeccionou mais de
3 mil camisetas e 10 mil adesivos, tudo distribuído no morro. Segundo um dos moradores,
que não quis se identificar, quem tem o adesivo colado na porta de sua casa aumenta
o conceito com os "patrões". Qualquer material promocional ou discurso a favor do "Não"
está proibido nas suas áreas de influência. "Quem fizer campanha contra o desarmamento
aqui, vai levar chumbo", advertem os traficantes.

Até mesmo os comerciantes com estabelecimentos próximos a favela, que já pagam
uma "taxa de segurança" para os traficantes, foram convidados a se engajar pelo "Sim"
na campanha do desarmamento. Marcelo Coelho, analista de marketing político e coordenador
de um grupo que é contra a venda de armas e também faz campanha pelo "Sim", não aprecia
nem um pouco o "reforço" dos traficantes lutando pela sua causa:

"É o tipo de coisa que não precisamos e não faz o menor sentido. Como seria
possível eles serem a favor do desarmamento?"

Para saber se tal influência está ocorrendo em outras comunidades dominadas pelo tráfico,
foi realizada uma pesquisa informal, entrevistando cerca de 530 moradores em diversas
favelas: 2 por cento disse que votaria "Não", 12 por cento "Sim" e o restante, 86 por
cento, não soube ou não quis opinar, provavelmente respeitando a "lei do silêncio" que
impera nestes locais. Pedi para que ele me informe a fonte. Caso alguém saiba, por favor
indique aqui.

De um (en)viado especial.