domingo, novembro 20, 2005

Marina Colasanti: A mão que se levanta no debate

Quando se amputa uma perna, ela continua doendo apesar de não estar mais ali. Quando alguém levanta a mão num debate e se queixa da perda da doçura também está sentindo a dor de uma ausência, só que a perna nunca chegou a existir. O que existiu, e de cuja falta sofremos, é a ilusão de uma bondade intrínseca ao ser humano, que se fortaleceria com o processo civilizatório opondo-se ao egoísmo, à fome, à fúria e à ganância. Uma ilusão da qual estamos quase nos despedindo, como de uma perna morta.

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